Efatá!
Caríssimo (a), o
que nos dá felicidade? Essa é a questão chave da vida de toda pessoa, seja
filha de Deus pelo batismo, ou não. Todo o homem quer ser feliz e busca a
felicidade em todas as coisas e pessoas: no fundo todo mundo quer ser feliz!
No evangelho que
saboreamos no segundo domingo de outubro, vimos o jovem rico (Mc 10, 17-30; Mt
19, 16-22) perguntar a Nosso Senhor: “Bom
Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Querido (a), esse jovem
está fazendo a pergunta mais profunda que há no coração humano.
Na continuação
do evangelho, Jesus irá lhe dizer que pratique os mandamentos e venda tudo o
que tem; resposta essa que nos permite relacioná-lo com as passagens dos Dez
Mandamentos (Ex 20, 1-21) e das Bem-aventuranças (Mt 5, 1-12): enquanto a primeira
indica o que não deve ser feito, a segunda nos mostra o que deve ser feito e
sua consequência.
No Sermão das
Bem-aventuranças, veremos, a depender da tradução, as palavras bem-aventurado,
beato e feliz. Porém, essas foram ditas por Jesus, provavelmente, com a palavra
hebraica “ashrei”. Amigo (a), essa palavra não traz a ideia de
sentimentalismo, de estado estático, ou de comodismo, mas uma ideia de
movimento, como a palavra “caminheiro” que traz ideia de movimento. Portanto,
bem-aventurado não é aquele que praticou misericórdia, mas aquele que busca
praticá-la a cada momento; beato não é aquele que é manso, mas aquele que se
entrega mansamente a divina Vontade durante seus dias nesta terra; feliz não é
aquele que é pobre de espírito, mas aquele que pratica o esvaziamento de seu
coração a cada instante. “O que devo
fazer para ganhar a vida eterna?” você deve caminhar, estar em uma
constante caminhada em busca de Deus, a felicidade não está no ter amado, nem
no amará, está no amar.
Contudo, meu
irmão, minha irmã, isso não é simples… Exige-nos um “não” a três coisas, as
quais Nosso Senhor negou quando foi tentado no deserto (Mt 4, 1-11). Mas, o que
são essas coisas que Satanás ofereceu ao Filho de Deus e que o mundo nos
oferece? Essas três coisas são os três “Ps”: prazer, poder e posse. Quando você
coloca o seu coração em qualquer uma dessas três coisas, quando você faz delas
o seu tesouro (Cf. Mt 6,21), você caminha em direção à infelicidade. Por isso,
Nosso Senhor te chama primeiramente a ti esvaziar desses três tesouros, te
chama a ser pobre de espírito.
Agora,
coloque-se no lugar daquele jovem rico e pergunte: “o que devo fazer para ganhar a vida eterna?” o que é o meu tesouro?
o que preciso fazer para ser feliz? e veja a resposta de Jesus: “feliz os pobres de espírito, porque deles é
o Reino dos Céus”.
Sim, caríssimo
(a), aqui está a chave para a felicidade: fazer a vontade de Deus a cada
instante, abandonar-se em suas mãos. Não basta ir à missa no domingo, tem que
buscá-Lo todos os dias; não basta fazer um gesto de caridade, tem que amar a
todos e sempre; a pretensão de ter Deus é o caminho para perdê-Lo e o ato de
buscá-Lo é a chave para tê-Lo.
“Minha alegria é
fazer vossa vontade; eu não posso esquecer vossa palavra” (Sl 118, 16). Nessa
dinâmica de Encontro constante com Deus, nasce o sentido do nosso ser
missionário. São João evangelista, no começo de sua carta (1 Jo 1, 1-4), vai
nos dizer: “o que vimos e ouvimos vo-lo
anunciamos (...), para que a vossa alegria seja plena”. Portanto, busquemos
a Deus para podermos oferecê-Lo aos outros. Pois, “há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20, 35), “o maior é aquele que serve”(Lc 22, 26) e
“ide fazei discípulos” (Mt 28, 19).
Ser missionário é dar aos outros a felicidade que Deus nos deu, é testemunhar o
amor que recebemos, praticar o amor com o qual somos amados.
Qual é a chave
para a felicidade? Caríssimo (a), a chave para a felicidade está em seguir
constantemente a Nosso Senhor Jesus Cristo, ser caminheiro, ser discípulo: amar
a Deus acima de todas as coisas, e amar o teu próximo como a si mesmo, sendo
missionário na vida de seu irmão, não só no mês de outubro que se finda, mas em
todos os meses do ano. Assim, ouvindo a Palavra de Deus e a pondo em prática,
como Nossa Senhora, poderemos “ser todos
um” (Jo 17,11) e poderemos abrir a porta da felicidade que jorra da Vida
Eterna.
Em comunhão fraterna,
Seminarista Caique Pablo